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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Um exemplo do que há de errado com a (falsa) "liberdade"

Por: Christopher A. Ferrara, 13 de setembro de 2016 (Fatima Perspectives - Perspective No. 888)
Tradução: Traditio Catholicae
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Em 21 de setembro de 2014, o Centro Cívico da cidade de Oklahoma (EUA) permitiu a um "satanista" encenar uma "missa negra" nas suas instalações, o que provocou protestos em todo o país e a cobertura da imprensa internacional. A lendária ativista pró-vida Joan Bell foi falsamente presa e injustamente condenada por ter ajoelhado e rezado no patamar externo do Centro Cívico, a fim de testemunhar contra o ato e fazer reparação contra o sacrilégio. Minha organização, a American Catholic Lawyers Association (Associação Americana de Advogados Católicos) conseguiu uma vitória importante de apelação quando a mais alta corte criminal de Oklahoma dispensou as acusações e descobriu que a prisão foi ilegal.

Mas o Centro Cívico e a Cidade de Oklahoma ainda estão nisso. Apenas no mês passado, em 15 de agosto, o Centro Cívico organizou outro evento pelo mesmo grupo de "satanistas" durante o qual eles ousaram profanar uma estátua da Virgem Maria, a fim de zombar da Festa da Assunção. O rápido time de resposta do Fatima Center esteve lá para protestar contra este último ultraje e para defender a honra da Mãe de Deus.

O memorando da cidade justificando de antemão o evento é um triste comentário sobre o que a mentalidade moderna vê como “liberdade”.  Como resposta ao clamor público sobre a permanente disponibilidade do Centro Cívico ao sacrilégio e zombaria das crenças mais sagradas dos católicos, a Cidade declarou: "Como uma instalação operada pelo governo, somos obrigados pelas leis dos Estados Unidos, incluindo a Constituição e a Primeira Emenda, e as leis de nosso Estado. Como tal, não podemos negar o aluguel a qualquer pessoa ou grupo com base no conteúdo de sua mensagem."

Sério? Isso é estranho. Porque à Joan Bell lhe foi negada o acesso à área pública do Centro Cívico, precisamente com base no conteúdo de sua mensagem. Ela foi falsamente presa por ter mostrado sua oposição à "missa negra", enquanto outros que apoiavam o evento ou permaneceram neutros, foram deixados em paz. Foi só quando Joan começou a rezar o Rosário que a polícia desceu sobre ela e prendeu-a com acusações forjadas.

Então, aos "satanistas" foi dado a utilização de um serviço público para engajarem num escárnio e sacrilégio anti-católico, enquanto que uma fiel católica protestando pacificamente contra este ultraje foi levada para a cadeia como uma criminosa comum.

O Centro Cívico de Oklahoma é um exemplo clássico do cumprimento da profecia social do Papa Leão XIII na Libertas, sua encíclica marco sobre a liberdade humana:

“Se for concedida uma licença ilimitada para todos na fala e na escrita, nada permanecerá como sagrado e inviolável. Nem mesmo serão isentos essas primeiras verdades, estes princípios naturais que constituem a mais nobre herança comum de toda a humanidade. Se obscurece assim gradualmente a verdade com a escuridão e, como muitas vezes acontece, torna-se dono do campo uma praga numerosa de perniciosos erros.”

Na verdade, isto está agora acontecendo diante dos nossos olhos: os cristãos são perseguidos por dizerem a verdade sobre o mal, enquanto aos malfeitores é dado o direito irrestrito à liberdade de expressão. Essa é a condição terminal de uma sociedade que exalta a "liberdade" acima da verdade, e os chamados "direitos do homem" acima do que Leão XIII chamou de "os direitos de Deus". Como Leão XIII declarou a este respeito:

“O mundo já ouviu falar o suficiente do chamado ‘direitos do homem’. Deixe-o ouvir algo sobre os direitos de Deus. Que este é o tempo propício para isso é provado pelo avivamento muito geral do sentimento religioso já referido e especialmente a devoção a Nosso Salvador do qual existem tantos indícios, e que, se Deus quiser, vamos entregar ao Novo Século como um penhor de tempos mais felizes para vir. Mas como esta consumação não se pode esperar senão com o auxílio da graça divina, esforcemo-nos em oração, com o coração e a voz unidos, para inclinar Deus à misericórdia. Não permita que pereçam aqueles que Ele próprio libertou, com a efusão de Seu Sangue.” [1]

Mas o que vamos fazer nesse meio tempo? Obviamente, os católicos só podem trabalhar dentro do quadro existente e esperar para um resultado justo em determinados casos, como o caso de Joan Bell. Também aqui Leão XIII oferece conselhos sábios, não condenando a democracia como tal, mas sim exortando os católicos a "fazerem uso de instituições populares, tanto quanto o puderem fazer em consciência, em proveito da verdade e da justiça; que trabalhem para que a liberdade não exceda o limite traçado pela lei natural e divina; que tomem a peito reconduzir toda constituição pública a essa forma cristã que havemos proposto para modelo". [2]

Este resultado final é precisamente o que Nossa Senhora de Fátima quer dizer com o triunfo do Seu Imaculado Coração.
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Nota:

Mais cedo, antes do ato de blasfêmia, o distrito americano da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) e a capela St. Michael em Oklahoma, que pertence à fraternidade, organizaram uma Missa pública de reparação no gramado em frente ao Centro Cívico, rezada pelo Padre Patrick McBride. Na ocasião compareceram cerca de 800 pessoas que se ajoelharam no chão em oração sob forte Sol.
Em 2014 uma "missa negra" já havia sido realizada no mesmo local, que foi respondida com um ato de reparação pela FSSPX (vídeo abaixo), com uma Missa Solene rezada pelo Padre Daniel Themann em um salão de festas, de onde os fieis partiram em procissão rezando o Rosário, junto com os Cavaleiros e Guarda de Honra, de Santa Maria no Kansas e o coral da Academia dos Garotos de La Salette, de Olivet no Illinois. Também participou do ato um grupo de irmãs franciscanas.


Vídeo: Ato de reparação realizado pela FSSPX em 2014

Membros do Distrito dos EUA da FSSPX e fiéis em Missa em frente ao Centro Cívico de Oklahoma
 
1. Papa Leão XIII, Encíclica Tametsi Futura, 1 de novembro de 1900.
2. Papa Leão XIII, Encíclica  Immortale Dei, 1 de novembro de 1885.

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