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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Cardeal brasileiro faz críticas ao quatro cardeais acerca dos questionamentos à 'Amoris Laetitia'

Por: Jan Bentz, 29 de novembro de 2016
Tradução: Traditio Catholicae
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29 de novembro de 2016 (LifeSiteNews) - Depois de quatro cardeais expressarem suas preocupações sobre ambiguidades na (Exortação Apostólica) Amoris Laetitia por meio da publicação da dubia, o cardeal brasileiro Claudio Hummes os repreendeu e disse que estão sozinhos em sua causa.

Apesar do fato de bispos e outros já terem se juntado aos quatro cardeais compartilhando suas preocupações, o Cardeal Hummes procurou minimizar suas partes na controvérsia.

"Somos 200, eles são apenas quatro", gabou-se Hummes em uma entrevista em espanhol com o "Religion Digital".

Ao afirmar que o Cardinalato como um todo apoia o Papa Francisco, Hummes culpa os quatro Cardeais de um cisma na Igreja. "A Igreja defende sua unidade como uma unidade de pluralidade [...]. Esta pluralidade é deslegitimada se a unidade estiver ameaçada por cismas. Essas divisões são o verdadeiro mal, não a pluralidade ".

Apesar da preocupação expressa por Hummes, não pode escapar ao olho observador que numerosos cardeais já estiveram juntos para defender o ensinamento magistral tradicional integral da Igreja várias vezes. Durante o Sínodo dos Bispos, 13 cardeais assinaram uma carta fraterna ao Papa sobre uma manipulação do Sínodo. Mais recentemente, os Cardeais Raymond Burke, Carlo Caffarra, Joachim Meisner e Walter Brandmüller fizeram público seu pedido particular ao Papa para esclarecer o que permanece discutível em Amoris Laetitia.

"A Igreja quer estar aberta a todas as sensibilidades", explicou Hummes. Mas não há nenhum sinal de abertura de Hummes ou do Papa Francisco para com os quatro cardeais. Até agora, o Papa Francisco não respondeu às dúvidas, que foram formuladas em linguagem simples, que podem ser respondidas por "sim" ou "não".

A representação do cardeal Hummes de que a Igreja é um partido democrático em que a maioria governa - usando seu exemplo de 4 contra 200 - é igualmente falho. O Cardeal não esquece o número de proponentes, mas sim [esquece] o conteúdo da dubia. Ao mesmo tempo, não muitos cardeais apoiaram o Papa Francisco em sua recusa em responder às dúvidas.

"O Papa diz que temos que ir todos juntos e não excluir ninguém. Não importa o que eles pensam, o que dizem ou o que fazem ... ", afirmou Hummes na entrevista. Ele reitera: "Temos que caminhar juntos e encontrar uma forma de fazê-lo sem excluir ninguém".

"Se alguém quer se excluir, então isso é assunto seu", acrescentou, rancoroso, sugerindo que os quatro cardeais estão nadando em contra-corrente por algum tipo de obstinação pessoal. Na verdade, os quatro explicaram publicamente que seu interesse reside em esclarecer dúvidas para os fiéis. As dúvidas foram originalmente destinadas para serem tratadas de forma privada e os Cardeais só as tornaram públicas porque o Papa não respondeu à suas súplicas.

"A uniformidade começa a criar paredes e a decidir quem está dentro e quem está fora"
, explicou Hummes, invocando a imagem popular de um muro para atacar uma mentalidade conservadora. "O Papa pode ficar muito chateado com os motivos com que estas quatro pessoas usam para querer corrigi-lo".

"Ele está totalmente tranquilo. Ele sabe o caminho certo que precisa ser seguido". Esta declaração parece ser contradita pelos relatórios do jornalista Edward Pentin em que o Papa estava de fato furioso com a dubia,"não feliz em absoluto" e "fervendo de raiva".

O cardeal Hummes, ex-chefe da Congregação para o Clero no Vaticano e amigo pessoal do Papa Francisco, teve que esclarecer declarações polêmicas no passado, entre elas uma de uma entrevista em que ele disse que não poderia saber se Jesus se oporia ao "casamento" gay.
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Comentário:


Está claro que o motivo que moveu os cardeais Raymond Burke, Carlo Caffarra, Joachim Meisner e Walter Brandmüller a emitirem a carta de questionamentos (chamados de dubia) ao Papa Francisco sobre pontos não claros de sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia foi unicamente - como enfatizam na mesma carta - a consciência por suas responsabilidades pastorais; não tendo a ver com supostos motivos de ordem pessoal nem tampouco com o intuito de criar alguma espécie de cisma, o que é evidente pelo fato de que primeiramente estas questões foram dirigidas ao Papa em privado e só foram feitas públicas devido à recusa ou o silêncio do Pontífice ao respondê-las.

Os questionamentos referem-se aos ensinamentos da Igreja sobre questões como o Matrim
ônio e os atos intrinsecamente maus, que da forma como foram postos na Exortação "tem sido objeto de interpretações divergentes" (utilizando as palavras dos cardeais) devido à falta de clareza no capítulo oitavo da Amoris Laetitia (parágrafos 300-305).


No caso do Matrimônio por exemplo, é ensinamento da Igreja baseando-se nas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo 
(S. Mateus XIX, 3-9) que aqueles que validamente casados (através do Sacramento) deixam seu cônjuge e passam a viver com outra pessoa como marido e mulher (praticando atos sexuais) comete adultério, impedindo que estes possam ser admitidos à Eucaristia. Também há as questões sobre os atos maus por natureza, como o próprio adultério, se estes poderiam ser justificáveis sob algumas circunstâncias e o papel da consciência numa legitimação de exceções a tais atos. 


Os quatro cardeais, baseando-se nas Sagradas Escrituras e na Tradição da Igreja, citam a Encíclica 
Veritatis Splendor do Papa João Paulo II para lembrar que "as circunstâncias ou as intenções nunca poderão transformar um ato intrinsecamente desonesto pelo seu objecto, num ato ‘subjetivamente’ honesto ou defensível como opção" e também que "a consciência jamais está autorizada a legitimar exceções às normas morais absolutas que proíbem ações intrinsecamente más pelo próprio objecto".


Tudo isso é colocado em forma de perguntas, onde são questionados se estes ensinamentos ainda continuam válidos.


Então os cardeais nada mais fazem que suas obrigações em defesa da Verdade e o fazem de maneira caritativa e fraterna como ensina Santo Tomás de Aquino (Sum. Theol. IIa-IIae, q. 33, art. 4, ad 2m). Vale lembrar que dirigir-se a um superior de modo a questioná-lo sobre atos e ensinamentos que possam ser contrários à Fé é algo legítimo dentro da Igreja. O próprio São Paulo interpelou São Pedro, seu superior, quando foi preciso. 


Do contrário, é mais chocante que um cardeal repreenda seus colegas por defenderem o que a Igreja sempre ensinou e ainda usando um termo como "somos 200, eles são apenas quatro" como se os ensinamentos da Igreja partissem de uma votação e não das revelações divinas aos santos Apóstolos contidas nas Sagradas Escrituras e passadas através da Tradição.

Essa situação lembra-nos as mensagens de Nossa Senhora em Sua aparição em Akita, no Japão:

"Se as pessoas não se arrependerem, Deus irá mandar uma punição terrível. Quando isso acontecer será mais severo do que nunca. Ainda pior que no tempo do Dilúvio. Um fogo irá cair do céu. A maior parte da humanidade será destruída.   Nem sacerdotes, nem fiéis serão poupados. Os sobreviventes estarão tão desolados que invejarão os mortos. As únicas armas que restarão a vocês serão o Rosário e o sinal do meu Filho. Rezem o Rosário. Rezem pelo Papa, bispos e padres com o Rosário.
Satanás se infiltrará na Igreja. Cardeais irão se opor a cardeais, bispos contra bispos. Aqueles sacerdotes que me veneram serão desprezados e atacados. Igrejas e altares serão profanados. A Igreja estará cheia com aqueles que aceitam compromissos.Satanás irá levar muitos sacerdotes e religiosos para longe de Deus. Ele se concentrará principalmente sobre as almas consagradas..."
Trecho do depoimento em vídeo da irma Agnes Katsuko com a mensagem de Nossa Senhora em Sua aparição em 13 de outubro de 1973 na cidade de Akita, Japão.
VÍDEO: Irmã Agnes Sasagawa e a mensagem da Virgem Maria em Akita 

Em virtude da aproximação do 100
º aniversário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, sua Eminência Raymond Cardeal Burke está à frente de uma campanha denominada Operation Storm Heaven organizada pela Catholic Action for Faith and Family para que os católicos de todo o mundo se unam na oração do Rosário no primeiro dia de cada mês juntamente com uma Missa celebrada pelo Cardeal nas intenções da campanha.

Além das intenções usuais da campanha - que envolve a reparação pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria, pela família, pela conversão dos pecadores à verdadeira Fé, contra o aborto, contra as investidas da revolução homossexual, pela santificação de todos os católicos, pela santa Igreja e todo o clero - foi adicionada uma outra intenção em particular da Missa a ser celebrada pelo Cardeal Burke, marcada para o dia 1 de dezembro às 7:00h em Roma no horário local tem ligação com as preocupações das dubia:
"Que bispos e padres tenham a coragem de ensinar a Verdade e defender a Fé contra todos os inimigos ambos de dentro e fora da Igreja. E possa toda a confusão ser dissipada da Igreja."
Que pelo santo Rosário consigamos resistir às investidas do demônio em nossas vidas e contra nossa Fé.


Sancta Maria Regína Mártyrum, ora pro nobis.

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