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sábado, 17 de dezembro de 2016

O milagre contínuo de Nossa Senhora de Guadalupe


Quando se fala de Nossa Senhora de Guadalupe, a primeira coisa que nos vem à mente é o modo como surgiu a imagem a partir do manto de um índio convertido que levava flores para o bispo a pedido da Virgem Maria que lhe aparecera. O que nem todos sabem é que apenas cerca 4 séculos depois se teve a total dimensão deste milagre. Um contínuo milagre que continua a acontecer até os dias de hoje.



A APARIÇÃO
 


A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, carinhosamente chamada de “La Morenita” por suas feições que parecem ser mestiças, apareceu na tilma ou manto, de um índio chichimeca da região de Cuauhtitlán (que pertencia ao reino de Textcoco, no México) que após convertido e ser batizado - junto com sua esposa e tio - havia recebido o nome de Juan Diego.

Segundo a tradição, 10 anos após a conquista da capital asteca batizada de Cidade do México, na manhã de 9 de dezembro de 1531 o índio Juan Diego Cuauhtlatoatzin (Cuauhtlatoatzin significa "o que fala como águia") se dirigia a Tlatelolco quando passando pelo Monte Tepeyac foi atraído pelo canto das aves onde ouviu uma voz a chamá-lo. Ao seguir a voz, viu uma jovem que estava em pé e rodeada de luz e que falava na língua culta dos astecas, o nahuatl.

A jovem se identificou como a Virgem Maria e pediu para que o índio fosse ao bispo pedir-lhe que construísse uma “casinha”, um santuário para Ela no campo onde apareceu. O índio foi no mesmo dia falar com o bispo que o recebeu e não acreditou, pedindo-lhe que voltasse depois. No mesmo dia Juan Diego voltou ao monte e falou com a Virgem que lhe disse que procurasse novamente o bispo – Juan de Zumárraga - no outro dia que era domingo. O Bispo Juan de Zumárraga (1476-1548) - que foi o primeiro bispo do México - pediu então uma prova, um sinal para que ele acreditasse que era realmente a Mãe de Deus que tinha enviado o índio.

No topo do Monte Tepeyac Juan Diego encontrou novamente a Virgem Maria e falou-Lhe da requisição do bispo para que lhe fosse enviado um sinal. Maria então pediu para que o índio voltasse no outro dia que Ela lhe daria um sinal.

No dia seguinte o índio não apareceu porque tinha ido atrás de um médico para seu tio que estava gravemente doente. Ele tinha o intento de ir ao encontro da Mãe de Deus no dia seguinte, mas a Virgem Maria foi ao seu encontro questionando sobre o que o preocupava.

“O que acontece meu filhinho mais pequeno? Aonde vais?”

Juan Diego contou do seu tio, ao que a Virgem lhe disse:

“Que não se perturbe o seu rosto, nem seu coração. Não temas esta doença nem nenhuma outra, não fiques aflito, não estou eu aqui, que sou sua mãe? Você não está debaixo da minha sombra e sob o meu cuidado? Não sou eu a fonte da sua alegria?"

Ela então pediu-lhe para que não se preocupasse, pois seu tio já estava curado e que ele retornasse ao local das aparições e recolhesse umas flores e as levasse para Ela. Ele então recolheu as flores, colocou em sua tilma e levou para a Virgem Santíssima que as tocou, arrumou e disse para que as levasse e entregasse para o bispo e somente para ele dizendo-lhe que era “o sinal que a Senhora envia do Céu”.

Assim, na manhã do dia 12 de dezembro o índio voltou a procurar o bispo para lhe entregar as rosas de Castela que nunca crescia no monte Tepeyac, principalmente no inverno. Juan então foi até o bispo onde esperou por bastante tempo para ser recebido não mostrando a ninguém as rosas antes do bispo.

Ao encontrar com o Bispo Zumárraga, Juan Diego contou o que a Virgem tinha lhe dito e desenrolou o manto para lhe mostrar as flores quando ao cair destas, surgiu no tecido a imagem de Maria Santíssima fazendo com que o bispo e todos que ali estavam caíssem de joelhos.

Depois de cumprir sua tarefa, Juan Diego voltou para ver seu tio que estava doente. Ao encontra-lo ele lhe contou que a Virgem tinha aparecido do lado de sua cama apresentando-se pelo nome de Guadalupe.

A história se espalhou rapidamente oralmente seguindo a tradição asteca e também através de escritos que narram o evento.

Entre as fontes indígenas escritas mais próximas da data dos eventos está um documento oficial chamado Nican Mopohva que significa “aqui é dito” escrito 20 anos após as aparições, por um indígena sábio chamado Antonio Valeriano que estudou com os Franciscanos o espanhol e o latim.



A IMPROVÁVEL "TELA"

O manto que Juan Diego usou para colher asa flores e levar para o bispo era um pano simples comprido, formado por 3 peças (das quais a imagem ficou impressa em duas peças) usado pelos índios mais humildes para se enrolarem ou colocar coisas.

Foi feito um estudo no Instituto de Biologia da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) em 1946 que confirmou que as fibras do tecido correspondiam às fibras de agave.

Miguel Cabrera (1695-1768) pintor mexicano conhecido como um dos grandes expoentes do estilo barroco afirmou que seria absurdo que alguém escolhesse o tecido do manto de Juan Diego por se tratar de um pano grosseiro e por ser composto por dois pedaços de tecido.

O tecido de agave é frágil e dura pouco tempo mas mesmo assim continua intacto mais de 400 anos depois do milagre. Ao contrário, uma pintura de Rafael Gutierrez do final do século XVIII pintada em um tecido semelhante e que foi colocada na igreja de Pocito perto da antiga capela não durou mais de dez anos ficando o material desgastado, com as fibras rompidas e sem cores mesmo estando protegida por vidro.

O ambiente em que se encontrava o tecido da imagem original era muito úmido e salgado e a imagem ficou exposta a essa situação durante praticamente 120 anos sem a proteção de um vidro e só no século XX se tomou medidas para preservar a imagem dos ataques do meio ambiente. Estudos mostraram que o tecido não sofreu nenhum desgaste.

Além disso, um incidente em que ácido nítrico foi derramado acidentalmente durante a limpeza do recobrimento de vidro em 1785 sobre o tecido lhe deixou uma mancha nos cantos que inexplicavelmente começou a desaparecer por si só em alguns dias.

Em outra ocasião, uma bomba dissimulada entre um arranjo de flores foi colocada ao lado da imagem pelo anarquista espanhol Luciano Pérez em um atentado em 1921 destruindo tudo que havia na igreja danificando inclusive um crucifixo de bronze sólido dobrando-o, sendo a imagem da Virgem de Guadalupe a única coisa que permaneceu intacta.


A IMAGEM

O manto não recebeu a preparação prévia que os pintores fazem nas telas para eliminar as irregularidades do material. No caso do manto, desde 1666 há evidências de que não houve essa preparação. As fibras do tecido do manto são tão abertos que se pode ver através dele.

O brilho da imagem da Virgem permanece a mesma desde quando apareceu no manto. Geralmente, as pinturas que foram preservadas e mantiveram a cor, possuem uma base de preparação e receberam uma camada de proteção, um verniz que protege as cores. Ainda assim o verniz se oxida com o tempo.

Nas pinturas par criar a sensação de volume e profundidade são aplicadas diversas camadas de cores e diversas pinceladas com tonalidades diferentes. Diferentemente, na imagem da Virgem de Guadalupe é como se fosse "pintado" com apenas uma pincelada, uma única aplicação de tinta.

Além disso o tecido é grosseiro e cheio de nós, de imperfeições. Curiosamente um dos nós do tecido serve para dar volume aos lábios da Virgem.

Com o uso da fotografia infravermelha no início da década de 1980 pelos professores Jody Smith e o biofísico da Universidade da Flórida, Philip Callahan, membros da equipe científica da NASA, confirmaram que a imagem não recebeu preparação de fundo para a pintura e que havia ausência total de pinceladas com nenhum traço nem técnica de pintura conhecida. Não sendo possível determinar o tipo de pigmento utilizado. 

Através das mais de 40 fotografias infravermelhas retiradas pelos cientistas, contataram que a imagem não está impressa no manto, mas sim a três décimos de milímetro de distancia deste e qualquer um que se aproxime a menos de 10 centímetros da tilma não vê a imagem, mas apenas as fibras do manto. Durante os estudos com infravermelho descobriu-se também que a malha do manto mantém uma temperatura constante de entre 36,6 e 37 graus Celsius, a temperatura normal de uma pessoa viva.

O Dr. Callahan também ficou surpreso com a preservação da imagem após tanto tempo e com o fato dela não ter sido afetada pela fumaça e pela radiação das velas acesas diante da mesma.

Confirmou-se também os resultados de uma análise química feita em 1936 pelo cientista de origem judia Dr. Richard Kuhn, prêmio Nobel de Química de 1938 e 1949 que analisou uma fibra amarela e uma fibra rosada da imagem e cujo resultado foi de que no manto não foi possível identificar pigmentos de origem vegetal, mineral ou animal, ou seja, não havia pigmentos de nenhum tipo; sem resíduos de pintura. Igualmente não se pôde explicar a preservação da imagem que depois de tantos anos ainda foi conservada de um modo tão natural o que não aconteceu com nenhuma das várias réplicas da imagem.

Nos anos 1970 o Padre Mario Rojas, conhecedor do povo asteca mostrou que a imagem de Guadalupe era um códice mesoamericano repleto de símbolos da cultura nahuatl.


OS SÍMBOLOS NAS VESTIMENTAS DA VIRGEM  

A roupa e todas as cores representadas são da realeza. A cor azul turquesa representa o jade que era mais valioso que o ouro. A cor rosa do vestido simboliza o amanhecer, significando que a Vigem apareceu para anunciar o nascimento do Sol de Deus. A cor do amanhecer traz as flores dos cervos nos seus três tipos.

Nos símbolos astecas, um dos mais importantes é a flor de Nahui Ollin com quatro pétalas e um centro onde as pétalas representam os pontos cardeais. Para os astecas isso representava o movimento eterno de Deus, o centro do Universo. Para eles isso significava o mais importante que a imagem tinha. “Com isso Ela dizia que carregava o Menino Jesus. Ela trazia Deus, a Criança Sol para nascer aqui com eles, para que O conhecessem, para que O encontrassem. E eles [os astecas] entenderam tudo isso pela flor de Nahui Ollin”. [1]

A forma das flores no vestido da Virgem tem um significado preciso. “As flores do cervo são chamadas assim porque possuem, ela tem a forma das colinas. É assim que as colinas são simbolizadas em mapas. Como essas flores, com pequenos círculos que terminam em bico porque com isso Ela queria dizer (...) o pico da colina ou monte pontudo”.[2]

"O símbolo do bispo eram as flores. Em uma terra que já estava morta, árida, poeirenta, salgada, onde não havia vida, mas havia flores e para os índios flor e canto significam a verdade. (...) O sinal que estava sendo enviado pela Virgem para o Bispo era o símbolo da verdade”. [3]

Esse sinal fez com que os índios entendessem que se tratava de algo nobre. Para eles Ela era a imperatriz porque somente o imperador Montezuma podia usar o manto azul que significava céu cravejado de esmeraldas. “Ela era mãe porque estava grávida de Deus todo poderoso, porque lá estava a flor de quatro pétalas. Ela era sempre virgem , porque como as donzelas, usava o cabelo solto penteados para baixo simbolizando a virgindade. Portanto, os índios viram no cabelo o sinal de virgindade e na fita a maternidade”.[4]

Na cultura asteca, quando uma mulher estava grávida ela usava uma fita roxa na cintura.

O Prof. Dr. Juán Homero Hernández Illescas realizou um estudo com dois doutores de astrofísica da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Dr. Cantó Ylla e Dr. Armando Garcia de León. Coletaram a data e a localização das estrelas que correspondiam ao Solstício e Inverno de 1531. Para os astecas o Solstício de Inverno significava o nascimento do Sol novo. Os pesquisadores descobriram que em 1531 o Solstício aconteceu exatamente em 12 de dezembro, dia do milagre do manto de Juan Diego.

De acordo com o Nican Mopohva o milagre de Guadalupe aconteceu no final da manhã quando não era possível ver as estelas no céu.

Traçando as constelações que eram visíveis naquele momento nos territórios do Vale do México o Dr. Hernandéz descobriu que o céu coincidia com as estrelas no manto da Virgem.

No lado esquerdo do manto se veem as constelações do sul composto por quatro estrelas que fazem parte da constelação de Ophiuchus; abaixo se observa Libra e à direita uma das estrelas de Escorpião. Na altura do braço encontram-se duas estrelas da Constelação de Lobo e uma extremidade de Hydra. Abaixo há um quadrangular ligeiramente inclinado da constelação de Sagitário e se observa o Cruzeiro do Sul. Na parte inferior Syrius brilha sozinho.

No lado direito do manto são visíveis as constelações do norte onde sobre o ombro de Maria há um fragmento da constelação de Pastor; abaixo se ver a constelação da Ursa Maior; à sua direita se encontra a Cabeleira de Berenice e abaixo os Cães de Caça; à esquerda se vê Thuban que é a estrela mais brilhante da constelação de Draco; abaixo há outras duas estrelas que fazem parte da Ursa Maior e ainda se vê três estrelas da constelação de Touro.

As estrelas no manto da Virgem reproduzem a disposição das constelações no momento da aparição vistas a partir do espaço e não da Terra. A lua presente na imagem (em quarto crescente) corresponde à disposição astronômica do céu em 12 de dezembro de 1531.

De acordo com o escritor ítalo-mexicano Gutierre Tibón, a palavra México significa “umbigo da lua”.

Gloria Tena, esposa do Dr. Hernandéz, explica que a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe é um códice – um livro onde não existem letras, mas onde todos os desenhos tem um significado. O vestido representa a Terra e as estrelas no manto azul representam o plano do céu.

Estudos sobre a imagem demonstraram que a pintura respeita a chamada proporção áurea que é uma correspondência harmoniosa entre as partes individuais e o conjunto entre espaços e volumes, já conhecida pelos gregos. A proporção áurea de 1,618 está presente na natureza, no homem, nas galáxias e até mesmo na música.

Na imagem da Virgem de Guadalupe a lua aparece sob os pés de Maria Santíssima. Além do próprio nome "México" fazer referencia à lua, não há como deixar de notar a referência desta imagem à passagem do Apocalipse:

"Depois apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol, com a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. Ela está grávida, e clama com dores, atormentada para dar a luz." (Apocalipse XII, 1-2)

A CANÇÃO DE GUADALUPE

Em 2008 um matemático chamado Fernando Ojeda Llanes fez uma descoberta usando como base os estudos de Pitágoras sobre Matemática e música. Utilizando o retângulo áureo como ponto de partida, descobriu que os símbolos do vestido e as estrelas do manto se encaixavam como pausas e notas musicais, resultando na descoberta de uma melodia real na figura da Virgem de Guadalupe.


OS OLHOS DA VIRGEM

O Engenheiro peruano José Aste Tonsmann retomou um estudo da década de 1960 sobre a existência de figuras humanas impressas nos olhos da Virgem de Guadalupe

O Engenheiro usou a técnica do processo de imagem digital que era a mesma tecnologia usada pela NASA para estudar as imagens enviadas do espaço. Foi utilizado pixels de 25 mícrons x 25 mícrons ou milésimos de milímetros; em cada milímetro quadrado havia 1600 pequenos pontos que foram ampliados em até 2000 vezes.

Na imagem ampliada dos olhos da pintura, notou-se que há uma figura de um índio sentado com as pernas cruzadas que é como os astecas sentavam na época, sendo possível notar inclusive uma argola na orelha do índio. Também foi possível identificar a figura que corresponde à imagem do Bispo Juan de Zumárraga pintadas na época, além da figura de Juan Diego com um manto no pescoço. 

Outra figura encontrada foi de uma mulher com características da raça negra. Ao lado da figura do bispo encontra-se uma figura de um jovem da raça branca que poderia ser o tradutor, que de acordo com a história das aparições é Juan Gonzalez.

As últimas figuras descobertas pertencem a um grupo familiar: pai, mãe, 2 filhos e um casal de adultos em que a mulher leva uma criança nas costas. No total, são 13 figuras humanas – agrupadas em duas cenas - que aparecem nas pupilas dos dois olhos da Virgem de Guadalupe de aproximadamente 8 mm de diâmetro.
De acordo com os estudos das imagens impressas nos olhos da Virgem no manto, chegou-se à hipótese de que a Virgem estava invisível diante do grupo no momento que as figuras foram impressas.

Algo ainda mais surpreendente é que enquanto os olhos da Virgem refletem a imagem das pessoas que estavam diante d’Ela, os olhos do Bispo nessa imagem refletem a imagem de Juan Diego ao abrir o manto. Esta última imagem tem um quarto de um milésimo de milímetro.

De acordo com as leis de Purkinje-Samson quando nossos olhos refletem algo, podem se formar até três imagens do mesmo objeto (uma na superfície da córnea; outra em um plano mais profundo, na superfície anterior do cristalino; e o terceiro que se apresenta invertido na superfície posterior do cristalino) ficando as imagens distorcidas pela curvatura da córnea, o que é observado nos olhos da Virgem de Guadalupe, fazendo com que os olhos da imagem tenham as características de um olho vivo.

Em 1956 os doutores Rafael Torrija Lavoignet e Javier Torroella Bueno já haviam observado através de exames oftalmológicos que as pupilas da imagem da Virgem reagiam quando expostas à luz contraindo-se, e voltando ao normal quando o estímulo luminoso era retirado. Verdadeiramente uma imagem viva.


GUADALUPE E A ESTÁTUA ESCULPIDA POR SÃO LUCAS
            
A Virgem quando apareceu para o tio de Juan Diego, se apresentou como Guadalupe. Guadalupe era um nome conhecido na Espanha na região da Estremadura estando ligado a outra aparição da Virgem que tinha raízes no período em que São Lucas Evangelista escrevera  o Evangelho.

Não tendo conhecido Jesus pessoalmente, São Lucas colhia testemunho daqueles que tinham estado ou ouvido as palavras de Nosso Senhor. 

São Lucas acompanhava São Paulo em suas viagens da Palestina à Grécia e esteve presente durante seus sermões. São Lucas também conversava muito com a Virgem Maria que lhe contava sobre Seu Filho, desde Sua infância até os primeiros sermões.
  
O apóstolo evangelista também era médico e artista sendo muitas pinturas e esculturas da Santíssima atribuídas a ele. Uma destas esculturas é a da Virgem com um Menino que foi colocada ao lado de seu corpo quando morreu em Tebas.

Acredita-se que a estátua de Nossa Senhora esculpida por São Lucas tenha saído de Tebas até Constantinopla junto ao seu caixão por ordem de Constâncio, imperador do Oriente em 357 d.C. “Com uma grande precisão o caixão de São Lucas foi levado á igreja com toda a corte imperial. À frente de todos ia o Bispo de Constantinopla, Macedônio, que trazia essa estátua com as mãos erguidas enquanto a procissão chegava ao altar central.” [5]

Mais tarde foi revelado que essa estátua foi um presente do imperador do Oriente, Maurício, ao futuro Papa Gregório Magno, quando este ainda fazia parte da côrte imperial como embaixador do Pontífice. Quando Gregório voltou à Roma tinha duas imagens da Virgem, uma era em forma pictórica e a outra a estátua de madeira que ele levara consigo.

Em 590 d.C. Gregório foi eleito Papa. Deu a estátua da Virgem a seu grande amigo Leandro, Bispo de  Sevilla, onde ficou no altar da catedral por quase um século, desaparecendo durante a invasão árabe à Espanha.  Diz a tradição que alguns clérigos colocaram a estátua numa bolsa e a levaram para um local seguro percorrendo uma antiga estrada romana, a rua dos lusitanos que atravessava Portugal de norte a sul chegando no fim a Cárceres, no centro da Estremadura onde a enterraram num bosque.

Por 600 anos a estátua esculpida por São Lucas foi esquecida apesar das lendas que havia na região sobre a mesma, até que no verão de 1329 Gil Cordeiro, um pastor de Cárceres entrou na floresta para procurar uma vaca que havia se perdido do seu rebanho, vagando por três dias pelas trilhas inacessíveis, ao longo de um córrego chamado Guadalupe como os árabes chamavam. Lá encontrou a vaca caída no chão morta. Quando se aproximou do animal para retirar-lhe a pele a vaca se levantou e em seguida no meio de uma luz brilhante lhe apareceu a Virgem Maia que lhe pediu para ir buscar os frades do povo e que deveriam cavar onde a vaca estava, pois lá encontrariam uma estatueta de madeira que deveria ser venerada. 

No outro dia ao chegar em casa o pastor soube pela esposa que o filho que estava gravemente doente havia sido curado. Assim Gil foi com alguns amigos anunciar o milagre para os clérigos da aldeia. “Todos foram juntos contar aos sacerdotes o que a Virgem tinha dito. E eles destacaram principalmente uma frase que a Virgem dissera: ‘que aqui seja construída uma pequena casa onde todos os pobres que aparecerem recebam pelo  menos uma refeição por dia’. Os sacerdotes se dirigiram o local da aparição, escavaram e realmente    encontraram a estátua de madeira esculpida por São Lucas.” [6]

Logo, às margens do Rio Guadalupe foi construída uma capela que se tornou um lugar de devoção e morada para os mais pobres. O santuário era visitado sempre pelos reis da Espanha Fernando e Isabel onde construíram uma casa e assinaram varias ordens e leis. Um destes decretos diz respeito ao financiamento da viagem de Colombo.

Há evidencias na Estremadura da devoção de Cristóvão Colombo à Nossa Senhora de Guadalupe, como o registro em seu diário de bordo do episódio em que no regresso da América recém descoberta a caravela de Cristóvão Colombo entrou numa forte tempestade. Cristóvão Colombo prometeu que se Nossa Senhora os livrasse daquela tempestade, alguns dos tripulantes deveriam ir em peregrinação a um santuário da Europa e Colombo foi ao de Nossa Senhora de Guadalupe.

Cortez e alguns outros missionários enviados ao novo mundo eram da Estremadura, sugerindo que foram os próprios espanhóis que chamaram a Vigem mexicana de Guadalupe.

Após o decreto do Rei Carlos V, o ministro dos franciscanos na Espanha, Francisco de Los Angeles, enviou um grupo missionário chamado de os 12 apóstolos do México que não conseguiram converter a antiga aldeia.

Diante de todo o ambiente conturbado da conquista espanhola - onde o próprio Bispo Zumárraga foi vítima de um atentado por parte da Primeira Audiência, o governo espanhol no México, escrevendo ao Rei sobre os problemas na nova colônia - havia dificuldade em converter o povo indígena.

Antes de 1531 havia algumas dezenas de sacerdotes entre diocesanos, dominicanos e principalmente franciscanos para mais de 20 milhões de índios.

Foi com a aparição da Virgem de Guadalupe que a evangelização do México obteve êxito onde milhões de pessoas foram batizadas.

“A imagem de Guadalupe parece ter o que chamamos de dom de línguas, isto é, Ela fala a cada um em seu próprio idioma. Aos cientistas fala pela ciência, aos historiadores pela história, aos antropólogos pela antropologia. E ao longo da História podemos imaginar que nas aparições do século XVI Ela tenha falado aos índios através dessa imagem que para eles era um códice. Para os índios a imagem era um modo de se comunicar. E eles leram nessa imagem uma série de mensagens. Uma mensagem de amor.”[7] 


NOSSA SENHORA DE GUADALUPE E A VITÓRIA NA BATALHA DE LEPANTO 

Encontra-se em Génova na Itália uma das cópias mais antigas da Virgem de Guadalupe, datada de antes de 1571.
"Esta imagem chegou à Itália pelas mãos de Filipe II, o Rei da Espanha que a ganhou  de presente do segundo bispo da Cidade do México. Filipe II por sua vez,  a deu ao seu almirante de frota que era um genovês, [Giovanni] Andrea Doria.
Diz a tradiçao que Andrea Doria levou a imagem e a colocou na galera principal da frota católica  na Batalha de Lepanto em que o cristianismo derrotou os turcos." [8]  


Comentário 

Nao é exagero dizer que a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe trata-se de um milagre contínuo que até hoje contraria todas as leis da natureza assim como acontece com o milagre eucarístico de Lanciano.

Temos uma imagem impressa em um tecido absolutamente impróprio para qualquer tipo de pintura e que deveria ter se desfeito em até duas décadas mas que dura por mais de quatro séculos.
A própria imagem não está no tecido, mas sim levitando por assim dizer, a uma distância imperceptível a olho nu e que uma pessoa ao aproximar-se dela a menos de 10 centímetros, não a vê, mas apenas o tecido.

A mesma imagem que por si mesma se restaurou depois do ataque acidental de um ácido e que sobreviveu intacta a um atentado com uma explosão enquanto tudo mais fora seriamente danificado. 


Uma "técnica" de pintura inexistente e cuja pigmentação não tem origem nem vegetal, nem mineral ou animal.

Um tecido que quando medido sua temperatura, apresentou a mesma temperatura de um corpo humano e cujos olhos da Virgem na imagem reagem ao estímulo da luz, onde neles também está impresso uma cena com pessoas, disposta da mesma forma como num olho vivo. Também ao analisar o manto com um estetoscópio, na região abaixo da fita que Nossa Senhora usa na imagem (dando sinal que está grávida) um médico escutou batidas ritmadas de 115 pulsações por minuto, assim como as batidas do coração de um bebê no ventre materno.


Talvez a mais de um século o mundo cristão não precisaria de provas ou da falta de explicações científicas para crer na existência de Deus, mas hoje em tempos de apostasia e também onde o ateísmo transformou-se numa "religião" a simples fé já não basta para o moderno Ocidente outrora cristão.

Não por acaso a Virgem nos deixou estes sinais impressos e cheios de significados em Sua imagem para a nossa era tecnológica e descrente.

A Virgem que aparece com os traços do povo a quem Ela vem para tirar do paganismo. A mesma que através da leitura de Seus olhos na imagem, está diante de representantes de diversas raças como a nos dizer que Ela é Mãe de todos os povos. 


Notas:

Todas os textos numerados bem como a maior parte das informações foram colhidas a partir do documentário "Guadalupe, uma imagem viva" exibido pelo canal History Channel.

1. Gloria Tena, esposa do Prof. Dr. Juan Homero Hernández Illescas.
2. ibid.
3. Monsenhor Eduardo Chávez Sánchez, postulador para a causa da canonização de São Juan Diego.
4. ibid.
5. Historiador Flavio Ciucani.
6. ibid.
7. Adolfo Orozco Torres, Físico da UNAM.  
8. Padre Pietro Tassi, do Santuario della Madonna di Guadalupe em Santo Stefano d'Aveto, Itália.

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